The pursuit of happiness

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Pós-jejum

Jejum é coisa séria. Ao se deparar com um jejum nas páginas da Bíblia, pode-se sentir a angústia de uma decisão, o desejo de liberdade e livramento, a necessidade por direção. Decerto, é um ato de adoração, pois o que jejua reconhece a sua finitude e afirma a infinitude de Deus.

O rei Josafá é um exemplo de um líder que foi acometido por um grande terror. Não era para menos dados os "problem-itas" militares que haveria de enfrentar (2 Crônicas 20). Acho que posso dizer que Josafá temia a Deus dado que (i) consultou o Senhor e (ii) proclamou jejum em toda a nação. É curiosa essa forma de resolução de problemas: o sujeito fica mais fraco para ficar mais forte.


e orou: "Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu governas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti.

2 Crônicas 20:6
e orou: "Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu governas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti.

2 Crônicas 20:6
e orou: "Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu governas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti.

2 Crônicas 20:6
e orou: "Senhor, Deus dos nossos antepassados, não és tu o Deus que está nos céus? Tu governas sobre todos os reinos do mundo. Força e poder estão em tuas mãos, e ninguém pode opor-se a ti.

2 Crônicas 20:6
A história é bonita e até hoje inspira canções. O rei - esvaziado da sua glória - busca socorro no Rei que se assenta no Trono do Universo. O rei - com "r" minúsculo - age conforme a orientação que recebeu e o seu povo, Judá, fica livre de um problema militar ao som do canto.

Contudo, o legado de Josafá foi manchado por más decisões (leia os 5 últimos versos do cap. 20), a ponto de um profeta dizer "Por haver feito um tratado com Acazias [gente complicada], o Senhor destruirá o que você fez". Profetas eram assim: na-la-ta.

No último final de semana, diversas nações estiveram em jejum. Também fiz. Pedi pelo Brasil, família, pelos quem sofrem, pelos cientistas, pelos Governos. Também pedi pelo rei. No pós-jejum, a minha oração é que ele não use a sua caneta sem antes consultar a Deus, que ele não escute (nem seja) gente complicada...

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Hoje conversei com um gringo...

Foz do Iguaçu, 29 de Outubro de 2018. Um dia após a eleição presidencial. Um dia antes, ruas tomadas de verde e amarelo: como eu um brasileiro não me senti representado? Como não compartilhar da mesma euforia?

Hoje conversei com um gringo num congresso sobre Computação. Desenferrujei meu inglês conversando com um holandês que atualmente reside nos EUA para estudos. Sem mais nem menos, no Paraná dessa nossa Curitiba, percebi-me usando termos como "Carwash operation", "corruption", "Far right politician", etc. Como é difícil desabafar em outra língua...

Horas depois, o reencontrei. Desculpei-me pela melancolia, sobre a negatividade da minha fala e ele entendeu. Passamos a tratar de Computação e dos trabalhos que iríamos apresentar. De alguma forma, a educação nos colocou ali juntos, um representante do primeiro mundo com alguém do terceiro mundo para discutir tecnologia e ciência.

Passado um certo tempo, sumarizei o porquês da minha melancolia. Percebi que não ouvi no segundo turno ninguém que me representasse:

1) Como cristão;
2) Como educador;
3) Como pesquisador.

Sem pretensões, falo por mim. Não vi beleza, integridade, inteligência, racionalidade ou inspiração que me fizesse sentir diferente. Pensei em tirar muitas fotos do evento, exaltar algum sucesso pessoal. Mas hoje eu só conversei com um gringo...


sábado, 6 de outubro de 2018

O odioso dever

Eu disse no capítulo anterior que a castidade era a menos popular das virtudes cristãs. Mas não estou tão certo disso. Acredito que haja uma virtude ainda menos popular, expressa na regra cristã "Amarás a teu próximo como a ti mesmo". Porque, na moral cristã, "amar o próximo" inclui o "amar o inimigo", o que nos impinge o odioso dever de perdoar nossos inimigos. 
- C. S. Lewis (Cap. O Perdão, pág. 152, Cristianimo Puro e Simples)
"Odioso dever". É exatamente isso que penso a respeito sobre a tarefa mais difícil para um ser humano: amar seu inimigo. Se amar pessoas amáveis já é um desafio, o que dizer sobre amar inimigos?

Penso que Lewis não romantiza o amor quando escreve sobre perdão. Primeiro, ele assume que temos amor próprio. Isso significa, dentre outras coisas, que queremos o nosso próprio bem e que temos certa facilidade para a autoindulgência, o que inclui o perdão e a aceitação próprios. Amar ao próximo como a si mesmo é, então, estender a outros esse tratamento que nos damos todos os dias.

Mas o problema não está resolvido. Como amar alguém que não deseja nosso amor? Recentemente, tive um prejuízo material (coisas do trânsito) e a pessoa que o causou não parece muito disposta em resolvê-lo. O que seria amar essa pessoa? Alguns talvez diriam: "deixe isso para lá e siga sua vida". Mas, se ao fazer isso, eu o "mato" em minha mente, estou amando? Talvez outros minimizem o ocorrido e o comparariam com coisas bem mais terríveis. Lewis imagina uma plateia perguntando "E, se você fosse judeu ou polonês, perdoaria a Gestapo?". Ele não diz o que faria. Quanto a mim, nem consegui ainda passar do primeiro "nível", que é o prejuízo material...

Sendo bem honesto, chego à conclusão que não sei amar. Posso em alguns momentos ter uma atitude positiva, relevar "encrencas", apaziguar e, inclusive, perdoar. Mas amar plenamente, não. É justamente por isso que fui a Cristo. Não porque eu O amava, e, por O amar tanto, era capaz de amar qualquer um. Não porque os seguidores de Cristo são plenamente amáveis ou coerentes. Humilhado, vou a Cristo pela para ser salvo da minha incapacidade de amar, tanto ao próximo como a Ele.

De repente, vejo que não estou só. Gente de toda a parte do mundo, "boas" e "más", percebem que não conseguem amar totalmente o tempo todo. Pecado! Palavra detestável, só não mais que aquilo que ela representa. Trata-se de um amor desenfreado por si mesmo que até desumaniza. Definitivamente, a salvação de Cristo precisa ter efeito todos os dias da nossa vida enquanto vivermos.

Passamos por um momento tenso e creio que o fim não está tão claro. Esse texto não é nenhum recado aos que afirmam "bandido bom é bandido morto". Não tem nada a ver com isso. Pessoas relatam amizades desfeitas e desavenças familiares, e tudo isso em nome do "Eu", o pior de todos os bandidos. Não se trata de meras divergências, mas da divisão que nos coloca na posição de inimigos uns dos outros. Para o cristão não há opção: é hora do "odioso dever".

sábado, 22 de setembro de 2018

Setembro verde

"Existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás.” - C. S. Lewis

Há pouco mais de 3 anos perdi minha mãe. A dor, a melancolia e as lágrimas eram facilmente justificáveis. Sinto sua falta, e por vezes me pego triste por imaginar que ela sequer conheceu Liz, minha filha. Apesar de tudo, passei pelo luto com serenidade.

Experiência bem distinta eu passei há 9 anos. Emocionalmente, uma dor muito mais aguda porém por causas muito menos óbvias ou nobres: insegurança, ansiedade, cobrança pessoal, excesso de trabalho, etc. Depressão: é quando a vida pára. Param atividades, param sorrisos. Sentimento de improdutividade, insônia, pensamentos de morte, desesperança. Nunca planejei tirar minha própria vida, mas não foram poucas as vezes que desejei não acordar. Mas gente com insônia nem dorme...

A depressão me desfigurou por completo. "Mas logo você, uma pessoa tão alegre?", ou, "mas você tem tanto potencial...". Uns dois anos antes do seu falecimento, minha mãe chegou a confidenciar que escondia facas e outros objetos temendo o pior. Aliás, vamos dar nome ao "pior": suicídio. Essa também foi uma recomendação médica. E se um médico recomenda, não é um bom sinal.

Sobrevivi. Muito se passou nesses anos. Fui ajudado por muita gente e tive a oportunidade de ajudar alguns. Quando me perguntam o que me ajudou a passar por isso, eu destaco a liberdade em compartilhar a dor. Pensando nas palavras de Paulo, o apóstolo, é permitir que outros chorem com você.

Muita coisa tem que se ajustar, eu sei. É uma por vez. De repente, em algum ponto do caminho, a gente se pega dizendo "existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás". É assim que eu chamo a esperança.



Hoje eu só quero o fim do dia pra eu dormir
Espero a hora em que o sol decide ir
Pro outro lado da bola que quer brilhar
Até que volte, forte como no Ceará

Pro novo hoje, I hope tudo seja melhor
Do meu inglês, ao sonho que corre veloz
Uma casinha com a pretensão de ser
Um castelão, duas letrinhas CD

Aprendi que devo sempre seguir
Pela estrada afora sem atalho atalhar
Ainda que distante esteja o sorrir
Devagar eu sigo pro sorriso voltar


sábado, 13 de agosto de 2016

O mundo de Liz

Uma criança especial. Especial por ser criança, especial por ser filha, minha filha. Não "minha" como posse, não apenas "minha" como responsabilidade (apesar de o ser), mas como parte de mim.

Ela é o eco do meu sorriso, o espelho de minhas caretas, o elo do meu abraço. Ela se esconde, eu encontro. Eu me escondo, ela encontra. Nos encontramos. Pai e filha. Do berço aos braços, dos braços ao banho, do banho ao berço. Por ser pai, participar.

Mas, em alguma parte do dia, a deixo. Em boas mãos, é verdade, porém não são as minhas. Trabalho estudando, estudo trabalhando. Não tem brincadeira no trabalho. Por ser pai, prover.

O que faz Liz sorrir hoje? Do que precisará amanhã? O mundo de Liz tem poucos brinquedos, mas muitas brincadeiras. O mundo de Liz não tem luxo, mas tem lar. Tem até um parquinho lá em baixo que gente grande só pode olhar. O mundo de Liz tem Jesus, que também foi criança, uma criança especial!

sexta-feira, 13 de março de 2015

Pensamentos no vale #1: O caminho para casa

Estou vivendo um momento de luto. Não me vesti de preto, nem procurei formas comumente empregadas de expor isso, principalmente nas redes sociais. Aliás, esse momento tem sido marcado por muita liberdade. Para falar, para ficar em silêncio, para chorar, e até mesmo para sorrir (sim, encontro motivos, situações e pessoas que me fazem sorrir nesse momento). Não me forço a nada, nem mesmo a extrair lições da minha dor: elas simplesmente estão aí e, de alguma forma, se apresentam a mim.

Eram aproximadamente sete da manhã (06 de Março de 2015). Estava no início do café quando meu pai me ligou: "não teve jeito", "sua mãe faleceu", "venha com calma". Apesar das dificuldades de saúde que desde o final do ano passado minha mãe enfrentava, sua morte se deu num intervalo, um período em casa após mais uma internação e a volta ao hospital para o início de um tratamento que nem sabíamos qual era pois ainda não havia um diagnóstico conclusivo. Sim, foi uma surpresa amarga para mim.

Ainda processando as informações, tive que encontrar equilíbrio para dirigir da cidade onde trabalho para a cidade dos meus pais (cerca de 300 km). Seria um longo caminho. Havia muita coisa e ao mesmo tempo quase nada para falar com Deus. Há um certo tempo lembro de orar no carro pedindo que Deus desse a oportunidade de minha mãe pegar sua primeira neta nos braços. Liz, minha filha, está com nascimento marcado para 17 de Março de 2015 (11 dias depois do falecimento de minha mãe) e só Deus sabe como é escrever no intervalo entre a despedida e a chegada. No caminho, não senti muita vontade de perguntar "por que" o abraço entre elas não ocorreu, mas falei para Deus como aquilo me doeu. Minha necessidade não era por uma resposta, mas por conforto e alívio. O carro foi meu templo, meu consultório, um lugar de encontro com Deus.

Hoje faz uma semana que perdi minha mãe. É muito difícil, mas minha família está unida, os amigos e irmãos estão perto para nos ajudar a carregar o fardo. Sempre que a lembrança vem, abro meu coração para que Deus ministre esperança e paz. Deus ainda não me tirou a dor, Ele está comigo sentindo e tornando-a suportável. Deus está presente no caminho: no caminho para casa.


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A Terra do Não

"Eu descobri em mim mesmo desejos os quais nada nesta terra podem satisfazer. A única explicação lógica é que eu fui feito para um outro mundo." C. S. Lewis

Consciente da minha finitude, procuro razões para ser e existir, se é que existe razão para tal  distinção. Nas prateleiras da fé, posso escolher meu remédio. Remédio bom ou placebo? Qual será a dose do dia?

Para eliminar a solidão, o amor. Para enfrentar a dor, a medicina. Para encarar o fim, minha sina, a religião. Para cada limitação, uma superação, e para cada superação, uma lição. Levo a vida aprendendo a vivê-la,  mas boa parte do que hoje sei só servirá para a próxima geração.

Vim num Outubro, mas não sei em qual dos Doze eu vou. Sei apenas que vou. Fim de tudo ou outro mundo? Nesse intervalo chamado vida, escolhi aprender e tenho aprendido a escolher. Posso abraçar ou me afastar; levar ou deixar; aceitar ou rejeitar. As tristezas na vida parecem decorrer de más escolhas ou da impossibilidade de escolher. 

Lembrei-me do criminoso arrependido ao lado de Jesus. Sua vida era pesada pois carregava suas culpas pessoais e pertences alheios. Na sua cruz final, porém, pouco ou nada tinha senão um resto de ar disputado pelos seus pulmões e pela sua garganta. Ele escolheu usar sua voz para pedir perdão por uma vida cheia de erros. Jesus, mesmo pendurado no madeiro, tinha o poder de perdoar pecados, e, com a "graça do seu ar", pronunciou sua sentença: "Ainda hoje estarás comigo no paraíso...".

O paraíso ao qual Cristo se referia era o outro mundo conhecido pelos pais da fé como a Terra do Não*. Não? Não mais dor, não mais lágrimas, não mais fome, não mais sede, não mais guerras, não mais destruição, não mais solidão, não mais todos os "nãos" que a vida nos diz. Não sei ao certo como descrever esse lugar, talvez João saiba dar mais detalhes. O pouco que sei - e que já faz toda a diferença - é quem mora lá.
Tudo o que a gente mais deseja
Mesmo não sabendo bem do que se trata
Tudo o que é sorriso de felicidade
A gente encontra no mesmo lugar.
(Crombie)
*Use sua imaginação e, por favor, não procure esse nome na Bíblia!