The pursuit of happiness

terça-feira, 4 de maio de 2010

Carta aberta aos meus ex-colegas de UFMG

"...muita gente guarda a vida para o futuro..."
Mário Quintana


Estive na semana passada em São João Del Rey tocando com a banda V do Avesso e num dos passeios que fizemos na cidade de Tiradentes achei uma lojinha que, dentre outras coisas, vendia cartões e marcadores de livros com citações. Antes é necessário dizer que estou temporariamente em BH. Aliás, de um jeito ou de outro, todos nós estamos.

Em conversas com algumas pessoas comecei a ver algumas mudanças. De área de trabalho, de empresa, de cidade e até de crenças. Mas o que me assustou foi saber que alguns tem se dedicado exclusivamente ao trabalho ou como forma de juntar um bom dinheiro ou por pressão da empresa como se não houvesse outra opção. Mas deixa o amigo aqui falar um pouquinho.

Sabemos que as doenças do séculos são emocionais e que ainda desencadeiam nas famosas doenças psicossomáticas. Pois bem. O amigo de aqui de vocês foi uma vítima delas. Lembra que como orador da turma falei que sabedoria vai além do conhecimento? Não fui sábio. A ansiedade e a loucura por absolver conhecimento rápido, aliado ao estresse natural da vida e a falta de uma terapia (esportiva, contemplativa, etc.) me fez ter uma crise de ansiedade que se transformou numa depressão bipolar. Hoje, já bem melhor, senti-me livre para falar que tenho transtorno bipolar, mas talvez não fosse necessário passar por isso com os devidos cuidados.

Obviamente que se investigados todos os fatos, poderia citar questões genéticas, aborção do sofrimento alheio (que é bem diferente da empatia sinalizada por Jesus), enfim, um mundo de coisas. Mas sem dúvidas, a pressa e a auto-combrança foram os principais fatores para minha crise. Esse processo começou em outubro e agora em maio é que estou me sentindo 'consertado'. E como foi difícil me livrar da neura que esse era um tempo perdido em minha vida!

Acontece que nesse tempo aprendi a me proteger, a me solidarizar com os que sofrem de transtornos emocionais e dos potenciais doentes. Daqueles que tratam de suas emoções com psicoestimulantes que oferecem um prazer rápido e que geram a escravidão do vício e da compulsão não contribuindo em nada para um aprendizado sobre a vida (pensamento de Diogo Clara, famoso psiquiatra).

Descobri também que mesmo amando a computação, não tenho vocação para trabalhar com computação. Sou músico, está no sangue. Já me falaram e eu nunca aceitei. Também foi muito difícil negar os anos de sacrifício nos estudos, no mestrado (ainda para ser finalizado) com aquela a pressão de publicar, estudar matérias dificílimas e achar que o mundo acabaria se eu reprovasse, pura neurose.

Aprendi bastante com meus erros. Sugiro que vocês aprendam com os meus também.

Grande abraço do PX

6 comentários:

teste disse...

Parabéns pela coragem, PX.
Rezo pela sua recuperação completa!
Abraço!

Unknown disse...

PX,
como a Cecília disse, parabéns pela coragem. Coragem não só por tornar público seu problema, mas, também, pela coragem de 'acordar' para aquilo que é realmente importante na sua vida. Estamos contigo amigo.

Abraços,
William

Fábio disse...

oi, PX

Quando vi seu texto no vision-l pensei "este é o tipo de material que deveria estar num blog" e cá está.


A depressão é muito comum na população em geral, mas suspeito que seja particularmente intensa entre pós-graduandos de computação :)


Muita força na redefinição de seus rumos. Às vezes o sofrimento com que encaramos algumas empreitadas na carreira torna aquilo de que uma vez gostamos uma coisa pesada, e dá mesmo vontade de chutar tudo para o alto. Depois de um período de descanso, aquela vocação renasce.

Até mais

Fábio

Thiago Paixão disse...

A computação tá aqui comigo, vai influenciar muito o que fizer. E porque não misturar com música? Viva a Computação Musical!

kudamono disse...

Nossa cara que isso! Que bom que você já está conseguindo olhar a coisa toda "de cima". Deixo meus votos para que qualquer restinho de recuperação necessária transcorra com tranquilidade e rapidez.

Sobre caminhos a seguir, tem duas coisas que queria dizer. Primeiro, dificilmente estamos tão amarrados e com o destino traçado e resolvido como pensamos ou gostaríamos de pensar. Segundo, sempre pensei que o importante é fazermos o que realmente achamos que é o certo. Se "largar mão" da computação pra ir mexer com música realmente parece a coisa certa a fazer, então é isso!

Parabéns pela coragem de buscar o que é melhor para você. Nossa vida é muito preciosa para fazermos menos que isso :D

Grande abraço

Thiago Paixão disse...

A estimativa ém que em breve 50% da população sofra de depressão. Detalhe: não existe vacina pra isso.